
O dia dele não é diferente do seu
Atualmente, o preconceito é um dos maiores problemas enfrentados pelos portadores do vírus HIV. Ele não tem idade, é opressor, pode vir de onde menos se espera e ainda pior, pode até matar.
A aids não tem cura, mas tem tratamento. E o preconceito, como vencer?
Projeto VHIVA
Débora Gonçalves
Fernando Oliveira
Hugo Araújo
Jeanine Carpani
Marina Davis
Agradecimentos
Censura Moral
“Conviver com o vírus hoje é possível. A maior barreira que os portadores de HIV enfrentam é o preconceito”, opina Murilo Duarte, voluntário da ONG Pela Vidda e soropositivo há 27 anos. Segundo ele, este é um dos principais campos de atuação da Pela Vidda (Valorização, Integração e Dignidade do Doente de Aids), que por meio de projetos sociais tenta acolher e fortalecer os portadores de HIV, deixando-os mais “aptos” a enfrentar as situações sociais depois do diagnóstico. (Para saber mais sobre as ONGs, clique aqui).
Jorge Beloqui, professor do Instituto de Matemática e Estatística da USP, acredita que o preconceito tem diversas índoles. “Uma [delas] se manifesta mediante uma censura moral, como: 'Ah, você pegou HIV porque você é safado'”, explica. Soropositivo há 25 anos, Beloqui se envolveu no combate ao HIV e participou da fundação da ONG Pela Vidda de São Paulo. Ele conta que sua luta foi não só pelo direito ao tratamento médico, como também contra a discriminação de grupos mais vulneráveis ao vírus, como homossexuais, usuários de drogas, profissionais do sexo e a população transgênera. “Essas são as populações sobre as quais se pesa muito preconceito”, conta. (Para ler a entrevista na íntegra com Jorge Beloqui, clique aqui).
Para Murilo Duarte, as campanhas de conscientização e prevenção são restritas a épocas específicas do ano. “A imprensa só toca nesse assunto no Carnaval e no Dia Mundial da Aids”, afirma. Para ele, é necessário um fluxo de informação mais constante, inclusive no incentivo às ONGs. “As pessoas precisam saber que elas podem ser acolhidas aqui na ONG, não só os portadores, como também as pessoas que convivem com eles”. A ONG Pela Vidda é marcada pela diversidade de seu público. Lá estão presentes não só portadores do vírus HIV, como também voluntários, pessoas que convivem com portadores e até pessoas em busca de informações. “Não é necessário abrir o diagnóstico. Aqui temos heterosexuais, homossexuais, bissexuais. Temos católicos, evangélicos, espíritas, umbanda, candomblé. No final, todo mundo se reúne e somos uma grande família”, conclui.

entre nós
O minidocumentário a seguir tem como objetivo mostrar de que forma o preconceito atinge pessoas que vivem e que convivem com o vírus HIV. Através de depoimentos, Murilo Duarte, Dayse de Almeida, Yone Xavier, Sônia Toledo e Cláudio Ramires contam suas experiências.
O Brasil possui hoje cerca de 734 mil portadores do vírus HIV, segundo dados do Boletim Epidemiológico HIV/Aids, do Ministério da Saúde. A região Sudeste é a que concentra o maior número de casos, sendo responsável por 54,4% do total de casos identificados de 1980 a junho de 2014. Entre 2005 e 2013, o índice de novos infectados no Brasil aumentou 11%, ao contrário do mundo que apresentou uma queda de 27,5%.
Profª Daniela Osvald Ramos
Profª Mônica de Fátima Rodrigues Nunes Vieira